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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PAUL KRUGMAN : TEMPÉRATURA DO PLANETA AUMENTA E O MUNDO PERMANECE INDIFERENTE

04/08/2010 - 15:08
Paul Krugman: Temperatura do planeta aumenta e o mundo permanece indiferente



Adoção de limite máximo de emissão de gases prejudicaria apenas as indústrias de petróleo.





Finalmente, os deuses têm humor. Aposto que deram gostosas gargalhadas lá em cima no Olimpo quando ouviram nossa decisão de proclamarmos o primeiro semestre de 2010 ano durante o qual a esperança toda de ação para se limitar a mudança climática morreu durante o mais quente período temporal registrado até o momento.


É óbvio que não podíamos adivinhar a tendência da média de temperatura mundial pela experiência de apenas um ano. A nossa ignorância sobre a mudança climática aproveitam todos aqueles que negam o superaquecimento do planeta, destacando um não habitual ano quente no passado: "Sabem, o planeta não está se aquecendo. Ao contrário, se resfria desde 1998!".


Na realidade, o ano de 2005, e não o de 1998, foi o ano mais quente até hoje. Mas, a essência é que as temperaturas recorde que enfrentamos neste período nos trouxeram em uma alternativa contrária.


Será que alguns daqueles que não reconhecem o problema da mudança climática aceitarão que cometeram erro e corresponderão ao convite para ação climática? Não. E o planeta continuará se assando.


Por que então o Senado dos EUA não concluiu a aprovação da legislação destinada a enfrentar os efeitos da mudança climática? Mas, vamos falar primeiro sobre tudo aquilo que não provocou o fracasso, porque muitos tentaram acusar por engano seres humanos.


Inicialmente, não ficamos inertes por causa de dívidas científicas. Todos os dados - médias de temperatura para grandes períodos temporais, volume do gelo do Pólo Ártico, derretimento de geleiras, analogia das temperaturas recorde mais altas em relação com as temperaturas recorde mais baixas - mostram a incessante e eventualmente acelerada elevação de temperatura da Terra.


Os cientistas estão de acordo que as atividades humanas alteram o clima da Terra. Certamente, todos devem ter ouvido sobre as acusações que alguns lançam contra os pesquisadores do clima - escândalo que tornou-se conhecido com o nome de "Climategate" - quando dados "fabricados" sobre a evolução do clima foram lançados na Internet pela Unidade de Pesquisas Climatológicas (CRU).


O tema sobre o qual vocês talvez não foram informados, por causa da pequena divulgação que mereceu, é que cada um dos supostos escândalos foram atribuídos pelos adversários da ação sobre o aumento mundial de temperatura e mais tarde avançaram por intermédio dos veículos de comunicação. Vocês não podem acreditar que tudo isso está acontecendo.


Será que as reações para a consequência econômica que o projeto de lei teria sobre o clima impediram a ação ecológica? Não. Desde sempre foi engraçado acompanhar os conservadores atribuindo elogios à ilimitada força e flexibilidade dos mercados e vê-los insistindo de que a economia despencaria se se tratasse de definir um limite contra a emissão do dióxido de carvão.


Contudo, todas as avaliações sérias propõem para regularmos nossa produção de acordo com os limites de emissão dos gases com objetivo a limitação do efeito estufa. E consideram que a repercussão sobre o crescimento econômico será muito pequena.


Se a responsabilidade não é da Ciência, dos cientistas ou dos interesses econômicos que impediram a ação contra a mudança climática, então de quem é? A resposta é "os suspeitos habituais": a insaciabilidade humana e a covardia.


A economia não se prejudicaria consideravelmente em seu total se fixássemos um limite máximo de emissão de dióxido de carvão. Somente determinadas indústrias, principalmente as carboníferas e petrolíferas.


Na realidade seriam prejudicados os cientistas e os políticos, que são financiados - estes por seus programas de pesquisa e, aqueles por suas campanhas políticas - por estas colossais empresas.


Entretanto, sozinha a força do dinheiro não venceria se não fosse apoiada pela covardia. E mais especificamente pela covardia dos políticos, porque eles conhecem a dimensão da ameaça que o aumento mundial de temperatura paira sobre o nosso planeta em consequência do efeito estufa.


Abandonam os esforços para a ação ambientalista no momento mais crítico. Existem diversos covardes assim, mas, permitam-me a escolher um específico: o senador John Mc Key.


Houve uma época quando o senhor Mc Key tentou alavancar a governança ambientalista. Em 2003 criaria um sistema para o acompanhamento das emissões de gases que contribuem para a formação do efeito estufa.


Reconfirmou seu apoio para um sistema assim durante sua campanha pré-eleitoral para as eleições presidenciais e tudo poderia ser muito diferente hoje se continuasse apoiando a ação climática, enquanto, seu adversário político estava na Casa Branca. Mas não o fez.


Infelizmente, o senhor Mc Key não estava sozinho. Não haverá nenhum projeto de lei para o clima. Atrás da insaciabilidade que triunfa, a covardia apunhala. Agora o mundo inteiro pagará o preço.





Paul Krugman


Prêmio Nobel de Economia.

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